Hoje, quinta-feira, dia 02/10, às 15:30 h, no auditório do Módulo REUNI do Departamento de Geofísica, acontece o quarto seminário do LabSis, do ciclo de 2014. A palestrante será a doutoranda Rafaela Dias.
Título: Tomografia de velocidade de grupo de onda Rayleigh da Província Borborema, NE do Brasil, a partir de ruído sísmico de ambiente
Resumo:
O ruído sísmico de ambiente tem sido tradicionalmente considerado como uma perturbação não desejada do ambiente que “contamina” a aquisição de dados de terremotos. Mas ao longo da última década tem sido mostrado que informações coerentes sobre a estrutura do subsolo podem ser extraídas a partir de correlações cruzadas do ruído sísmico de ambiente. Através da correlação cruzada de ruído simultaneamente registrado em duas estações sísmicas, a função de Green empírica para o meio de propagação entre elas pode ser reconstruída. Além disso, para períodos inferiores que 30 s o espectro sísmico do ruído de ambiente é dominado pela energia microsísmica e, como a energia microsísmica viaja principalmente como ondas de superfície, a reconstrução da função de Green empírica é geralmente proporcional à porção de onda de superfície do campo de ondas sísmico.
Neste trabalho, apresentamos 333 funções de Green empíricas obtidas a partir das correlações cruzadas empilhadas de 1 mês do ruído sísmico de ambiente da componente vertical para diferentes pares de estações sísmicas na Província Borborema do Nordeste do Brasil. As funções de Green empíricas mostram que o sinal emergido é dominado por ondas Rayleigh e que as velocidades de dispersão podem ser medidas confiavelmente para faixas de períodos entre 5 e 20 s.
O estudo inclui estações permanentes de uma rede sísmica de monitoramento e estações temporárias de experimentos passivos anteriores na região, resultando em uma rede combinada de 34 estações separadas por distâncias entre 40 e 1.287 km, aproximadamente.
Velocidades de grupo do modo fundamental foram obtidas para todos os pares de estações e depois invertidas tomograficamente para produzir mapas de variação de velocidade de grupo. Em períodos mais curtos (5-10 s) os mapas tomográficos mostram uma boa correlação com a geologia superficial, com velocidades lentas definindo as principais bacias rifte (Potiguar, Tucano e Recôncavo) e velocidades rápidas definindo a localização do Cráton São Francisco Pré-Cambriano e o domínio Rio Grande do Norte. Em períodos mais longos (15-20 s) a maioria das anomalias de velocidade desaparecem, e apenas aquelas associadas com a bacia Tucano e o Cráton de São Francisco profundos permanecem. O enfraquecimento da anomalia de velocidade rápida do domínio Rio Grande do Norte sugere que esta é uma estrutura supracrustal ao invés de um terreno litosférico, e acrescenta novas restrições sobre a evolução Pré-cambriana da Província Borborema.
Fonte: LabSis/UFRN
Rafaela Dias, Jordi Julià, Rodrigo Pessoa, Joaquim Ferreira